quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre Deuses e Homens


      


    
- Já estou farto minha Amaterasu. Criamos os seres humanos, damos a eles inteligência e força para prosperar, e como eles nos retribuem? Com ódio, descrença e sacrilégios. Isso tem que acabar. Darei um fim em tudo isso.

            - Desde que o mundo é mundo nós vemos isso acontecer meu senhor Susano’o, e você ainda não entende a humanidade? Parece que finalmente a idade tem se mostrado em seus pensamentos e ações. Já te levaram as memórias.

            - Como pode dizer isso a mim, minha Diana? Ambos sabemos que com a idade vem a sabedoria, e que eu tenho a sabedoria de todos os deuses, pois sou o único Deus! Minha memória se remete aos confins dos tempos.

            - Não com a idade, mas com a experiência. Sua teimosia te cega, pois então se esqueces do dom mais precioso que nós temos e que damos a eles também. Esquece-se que apesar de renegarmos poderes, lhes demos a opção, Kernunnos.

            - A opção? Quando nós os criamos não vos demos opção Maria, nós lhes demos suas tarefas e as fizemos para seu próprio bem. Nós os amamos tanto. Não é justo defendermos nossa cria do mal que eles mesmos podem se causar?

            - Não falo dessa opção Yaveh, falo daquilo que mais se orgulhas em ti. O Livre Arbítrio. E sim, nós realmente os amamos, mas já discutimos sobre interferir na vida dos homens. Eles já são capazes de fazer tudo o que quiserem. Não mais interferimos no destino há milênios. Se eles quiserem nossa sabedoria, basta que venham até nós.

            - Pois se é assim Ísis, os julgarei de acordo com suas ações e se não optarem por nos seguirem e alcançarem a evolução, ao fim da vida eu os jogarei de volta para o Samsara para sempre!

            - Osíris, não sejais assim. Eles já aprenderam uma vez e tornarão a aprender sempre que for necessário. Eles não são mais crianças, sabem cuidar de si. Uns virão até nós, outros se esquivarão. Será como sempre foi desde Adão e Eva. Não se lembra de seus filhos?

            - Mas eu sou Olodumaré, eles tem que me respeitar. Conhecem minha existência. Sabem do que sou capaz, e mesmo assim eles zombam em minha face e fazem escárnio de minhas palavras!

            - Você é Olodumaré, aquele que um dia errou. E eu sou Nanã, aquela que te deu apoio. Ouça-me novamente. Estamos indo pelo caminho correto, como sempre estivemos. Escolhemos agir assim, e agora deixaremos tudo nas mãos dos humanos. Eles são livres para agir como quiserem, e se um dia eles chegarem a destruição final por conta de sua ignorância, saberemos que não foi por nossa causa, mas pela vontade deles. Nós vos demos nossa vida, agora eles próprios são o poder divino. Acredite, eles se erguerão. Assista vossa glória, pois será também a nossa.

            - Tenho medo dessa glória, queria Nuwa. Os deuses que moram nas almas dos seres humanos têm se voltado mais para o Yin se esquecendo do Yang. Suas luzes estão se apagando tenho medo de que eu não possa fazer nada para reacendê-las.

            - Oh Fu Xu, todos os seus pensamentos são de preocupação, mas sua base é o temor de não ter mais filhos. Se a força de nossos filhos vem de suas almas, essa força é a nossa. Nossa centelha divina reside em seus espíritos. Eles sempre manterão o equilíbrio conosco, e nós sempre manteremos o equilíbrio com eles. Assim é a Natureza.

            - Estais certa novamente Mulher. No fundo eu já sabia... As pessoas são fortes, não precisam de todos nós, deuses, se não nos quiserem.

- Deuses, talvez não meu Homem. Mas precisarão de companheiros. Seja no Inferno, na Terra, ou no Céu.

Guilherme Euripedes

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Penso, logo posto.